Tráfico de drogas estimula assassinatos
Dois especialistas em violência e segurança pública tiveram acesso às estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do DF. De acordo com o sociólogo Marcelo Batista Nery, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), a queda no total de roubos de veículos e a bancos, por exemplo, se deve ao combate direcionado às quadrilhas especializadas. “Esses dois crimes, aliados às ações contra o tráfico de drogas e o porte ilegal de arma, podem revelar o sucesso contra o crime organizado”, explicou. Ainda assim, o pesquisador chamou a atenção para os índices de homicídios por 100 mil pessoas no DF. Os 567 assassin atos cometidos em 2007 apontaram taxa de 23,3 — são 2,4 milhões de habitantes. É maior do que a da capital paulista, de 15 por grupo de 100 mil pessoas no mesmo ano. Apesar do índice, a média de 48 casos por mês nos últimos sete anos prevalece nas mortes intencionais. A maioria dos crimes é praticada em Ceilândia, Samambaia e Santa Maria. E tem como pano de fundo o tráfico de drogas. Um deles ocorreu em 13 de maio. Rebert de Araújo Torres, 21 anos, levou cinco tiros na QR 302 de Samambaia. Havia saído de casa pouco antes da meia-noite, acompanhado de dois conhecidos, para cobrar dívida em nome de um traficante da vizinhança. Encontraram o devedor, um jovem de 20 anos, e lhe tomaram a bicicleta. Não esperavam que ele reagisse a tiros à abordagem. A mãe da vítima, Maria do Socorro Pereira de Araújo, 52, lamenta que o filho tenha perdido a vida por uma dívida que não era dele. Para ela, ficaram a saudade, a insegurança e as dívidas. “Tenho ainda a pagar parcelas do enterro dele e só consegui trabalho de diarista”, contou. Rebert deixou mulher e filha de 2 anos. Ainda tranqüilo |
Transporte vulnerável
O balanço da Secretaria de Segurança Pública do DF aponta os assaltos a ônibus como um dos crimes que mais diminuíram. Caiu pela metade no período 2000-2007. Houve 1.247 registros no primeiro ano das estatísticas e 613 no último. Parte da queda se explica pelas vans do transporte alternativo, que dividiam, antes de o serviço ser extinto, o interesse dos bandidos. Mesmo assim, os roubos cresceram 5,5% na comparação dos últimos dois anos — as delegacias registraram 581 casos. A média no ano passado ficou em um veículo atacado a cada 14 horas e 17 minutos. A insegurança predomina entre rodoviários e passageiros de Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Santa Maria. O cobrador Despedito Soares Pereira de Lima, 45 anos, trabalha no terminal rodoviário do Setor O, em Ceilândia. Sofreu quatro assaltos. O mais recente em abril deste ano, quando os criminosos levaram R$ 165 do caixa. “Às 6h30, dois homens armados entraram no ônibus que vai de Ceilândia para a Expansão e limparam tudo. Levei até tapa na cara”, lamentou. |